sábado, 22 de setembro de 2012


Um blogue? De novo?


Eu não cheguei a desistir de blogar, mas parei. Parei por motivos vários, que foram enfraquecendo meu interesse, minando minhas resistências, ocupando meus espaços. Talvez ainda fale sobre esses motivos, mas não é este o momento certo para isso. Afinal, estou preparando este texto para voltar ao mundo dos blogues, reatar antigos contatos, voltar ao convívio de algumas pessoas que se fizeram queridas, que me conquistaram.

Gosto das palavras. De fazê-las renascer, juntar, misturar e, com elas, construir frases. Poderia voltar a elas de uma forma mais “moderna”, utilizando novas mídias, como o twitter, por exemplo. Mas comigo não funciona assim; sou prolixo, não reconheço a hora certa de parar, de colocar um ponto final. Essa é minha maneira de ser, de me expressar, de me comunicar. Preciso de espaço e de muitas palavras para escrever minhas besteiras, arriscar (raramente) alguma aventura poética, sentir-me político, acreditar que um ou outro texto ficou bom de verdade. E nada como um blogue para me sentir à vontade, para receber eventuais leitores como se estivesse na cozinha de casa, ao lado de um café fumegante, recentemente coado.

Lembro que, no final do século passado, eu ainda não tinha muita intimidade com as virtualidades da internet, mas vasculhava a telinha do computador, tentando entender, desvendar, aprender. Foi quando descobri, nem sei como, um site que oferecia a possibilidade de criar um diário. Ali fui me encontrando, realizando minha vontade de escrever para que outras pessoas lessem, recebendo de volta suas impressões, na maior parte elogios, mas também algumas críticas e correções. Ali conheci pessoas que se transformaram em amigos virtuais, alguns deles amigos até hoje. Daquela época posso mencionar o Miguel e a Euza, cujos diários me encantavam e de quem, pouco a pouco me aproximei.

Um dia, em um texto que preparei com muito carinho, acrescentei, timidamente, uma ou duas palavras que não faziam parte daquelas aceitas “socialmente” e os administradores do site me colocaram em quarentena, com a advertência de que o meu diário continha textos ou palavras obscenas. Discuti com eles, argumentei, defendi o meu texto com unhas e dentes, mas eles estavam irredutíveis e, como todo-poderosos “donos” do site, afirmaram que meu diário continuaria com a advertência, sendo acessado apenas por pessoas que assumissem plena responsabilidade por isso. Insatisfeito, só me restava desligar-me dali. Fiz isso com enorme dor no coração e não migrei para outro por falta de conhecimento. Não sei se existia! Algumas pessoas com quem me comunicava tomaram minhas dores, me defenderam perante os administradores e também acabaram se desligando de lá.

Alguns meses se passaram e aquele vazio que havia ficado em minha vida me acompanhava. Trocava e-mails com aquelas pessoas, algumas foram desaparecendo e apenas poucas continuavam presentes. E foi através de uma delas, que entrou para o mundo dos blogues e me convidou para conhecer o seu, que tomei contato com essa nova mídia, que me permitiria falar o que quisesse, enfim, comunicar-me da maneira que mais me agradasse. Ela era também uma loba; não a Euza, embora, através daquele blogue eu tenha chegado ao dela e, por extensão, ao do Miguel. E ali reatamos a nossa amizade, interrompida com a minha saída.

Na blogosfera me encontrei! E fui muito feliz! Fiz novos amigos, participei de outros blogues; de contos escritos a duas, três, quatro mãos; de blogagens coletivas; de festas de amigo secreto e até mesmo de encontros pessoais, onde algumas pessoas despiram-se do adjetivo virtual. Entre elas, posso mencionar o Miguel, a Sonia, a Beti Timm e a Dora, agora fora da blogosfera. Ainda não encontrei pessoalmente a Euza, mas sei que esse encontro é inevitável. Dia desses a gente se esbarra por aí.

Nos últimos quinze anos abri cinco blogues. Parei e voltei algumas vezes. Também era um dos autores do Palimpnóia, que acabou. Os meus dois primeiros desapareceram com as sombras do tempo. Mas os três últimos ainda estão abertos, com suas portas e janelas sempre abertas para quem quiser entrar. Durante este último período de recesso comecei a colaborar com o Memórias de Sampa, cujos autores se reúnem a cada dois, três meses num encontro gostoso, regado a chope e onde se conversa sobre tudo e também se joga conversa fora.

Assim, nunca estive, verdadeiramente, afastado da blogosfera, embora não mantivesse a constância na escrita e o contato com os eventuais leitores. Sentia saudade. Muita! Lentamente a ideia de retornar foi crescendo e se insinuando em meu coração que batia cada vez mais forte. Até que decidi voltar. Mas o que fazer? Voltar às Janelas do Zeca, sempre abertas? Acabei criando outro, este, cujo espaço pretendo ir preenchendo pouco a pouco, com minhas letras, minhas palavras, meus textos. Talvez republique um ou outro; talvez não. Ainda não sei. Não sei nem ao menos qual será a periodicidade das minhas postagens. Mas já estou com alguns textos sendo preparados e com muitas ideias circulando à minha volta.

Lá fora as novas flores saúdam a chegada da primavera. O café está pronto. Recém-coado e quentinho. O coração e os abraços à espera dos amigos e prontos para novas amizades. É só entrar, ler e, se julgar conveniente, comentar.

Sejam bem vindos!





A amizade é um amor que nunca morre.
Mario Quintana


12 comentários:

  1. Que coisa boa tê-lo de volta!!!
    Bem vindo!!!!
    Beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Doce Cecília!

      Coisa boa mesmo é ter você por aqui!
      Brigadão.
      Beijos.

      Excluir
  2. "Amigo é aquele que não precisa me dizer bom dia. Sei que ele sempre desejará que o meu dia seja o melhor. Também não precisa se fazer sempre presente. Ele estará à minha espera sempre que lembrar-me dele. É dele o carinho que me chega inesperado. É dele o tapa bem dado. É dele a palavra que me incentiva e a palavra que me acorda. São dele as pétalas que inundam minha vida de perfume e maciez e que compensam os espinhos que preciso pisar."
    Este é você, o meu amado-amigo. Vc nem imagina o qto fico feliz em te reencontrar nesra escrita, neste texto, neste blog. Seja re-bem vindo, amore!
    Um beijãozão!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. D'Euza!

      Enorme felicidade foi você ter me presenteado com esta pequena e linda jóia literária! Sinto-me honrado em ter, no meu primeiro texto, um pedaço de um dos teus. Tão honrado quanto sempre me senti com tua amizade e teu carinho.

      Beijo do tamanho do meu amor por você.
      (não dá pra medir...)

      Excluir
  3. Por enquanto só vim tomar um café, porque o cheirinho foi irresistível, assim como o dono do blog!

    Já volto!!
    Beijinhos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Betitinha!

      Cê sabe que meu coração está sempre aberto, à espera do teu!

      Beijo, carinho, saudade.

      Excluir
  4. Zecamigaço, ler teu texto e saber que nelo fui mencionado é ukmza grande honra.
    Lembrar dos velhios tempos do Super Diário, dos outros blogs por nós frequentados foi uma viagem sem igual.
    SAIBA QUE EU, ESTE Lobo Praiabo de antanho, hoje somente Miguel, sempre te teve como amigo indispensável. Mesmo quando tuas ausências se faziam necessárias.
    Hoje estamos, lado a lado, rabiscando memórias da velha e querida Sampa e neste blog novo.
    Que os rabiscos neles postado se transformem em novas perolas e possam, cada vez mais, emocionar a todos que te vierem ler.
    Abração amigo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Miguel, meu velhamigodopeito!

      Concordo com tudo o que disse em seu comentário, com excessão da última frase, que deveria ser dirigida a "nós" e não, apenas, a mim. Você também deveria reativar seu blog para alegrar a todos aqueles que aprenderam a te respeitar e a gostar daquilo que você escreve.
      Vamos nessa?

      Abração, com carinho.

      Excluir
  5. Uma das melhores coisas que me aconteceram na vida foi te conhecer. Deste acontecimento armazenei em meu coração doces lembranças de momentos inesquecíveis que alimentaram uma amizade verdadeira.

    Que bom que vc voltou! Prazer rever teus textos harmoniosos e contagiantes. Poucas coisas se leva desta vida, o fato de te conhecer e ter tua amizade, vai estar sempre guardado com carinho em meu coração.

    Beijinhos carinhosos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Betitinha,

      como já disse antes ao Miguel, concordo com tudo o que comentou, afirmando que, com relação a você, posso fazer tranquilamente as mesmas afirmações. Ter podido dividir com você - primeiro através das páginas dos nossos blogues, depois pessoalmente - tantos sentimentos, alegrias e até mesmo tristezas, foi um presente dos céus, que me acompanhará enquanto estiver respirando.
      Será que você não se anima com a minha volta e retoma o seu blogue, tão esquecidinho?...

      Beijão, com carinho e saudade.

      Excluir
  6. A primeira boa notícia da semana: O Zeca está de volta!! Seja bem-vindo de volta à blogosfera!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigadão, Luma!

      Partindo de você, é uma honra merecer tal comentário!

      Beijo.

      Excluir