sábado, 22 de dezembro de 2012




Os meus Natais


Assim como existem as pessoas que não curtem o Natal ou os seus símbolos, existem outras que curtem muito tudo isso e, entre essas pessoas, eu me incluo.

Tenho o privilégio de ter nascido em uma família que podia curtir as tradições natalinas, inclusive o Papai Noel, que trazia os meus presentes e os do meu irmão. Como nós, meus primos, amigos e colegas de escola fomos criados acreditando que, para receber a misteriosa visita do Papai Noel, deveríamos ser bons filhos, bons alunos, bons amigos. E nossas infâncias foram alegres e tranquilas, como as de tantas outras crianças. Eu não tive filhos. Mas meu irmão, primos e amigos de infância tiveram e a maioria deles criou os seus de forma parecida àquela que tivemos na infância, inclusive com as tradições de Natal, Páscoa, Dia das Crianças, das Mães, dos Pais, dos Professores...  

Sempre soube que existiam as crianças mais pobres que não ganhavam presentes e sempre fomos estimulados a doar parte dos nossos brinquedos e roupas para alegrar um pouco as vidas dessas crianças. Íamos à Missa do Galo e fazíamos nossas orações, seguidas por uma lauta ceia que a boa situação financeira dos meus pais permitia. Pecávamos por isso? Não! Apenas usufruíamos de uma situação criada, inclusive, pelo trabalho incessante dos meus pais para podermos ter uma vida melhor. Existiam as diferenças, as pessoas muito mais pobres e sem condições, mas se deixássemos de comemorar o Natal, nada mudaria nas vidas delas! De nossa parte, o que podíamos fazer – e fazíamos - era sempre (não apenas no Natal) ajudarmos algumas pessoas, dando-lhes ou trabalho, ou alimentos, roupas, medicamentos, o que precisassem.

Há algum mal em curtir essas festas? Em deixar que as crianças sonhem e fantasiem com esses mitos? Eu, pessoalmente, não vejo mal algum.

Eu não tive filhos, mas o meu irmão tem três, hoje adultos, que foram criados como nós: dentro das tradições de Natal e de Páscoa, com Papai Noel, Coelhinho e tudo o que tivessem direito. Uma vez, por ocasião do Natal, eu mesmo, na falta de uma roupa de Papai Noel, me fantasiei de palhaço para alegrar a noite dos meus sobrinhos e eles ficaram fascinados com a figura do palhaço que era ajudante do Papai Noel. Depois, quando um deles descobriu que o palhaço era eu, a farra foi ainda maior, com gritaria e algazarra próprias de crianças saudáveis e de bem com a vida.

Eu, particularmente, gosto de tudo. Gosto de árvore de Natal, presépio, luzes coloridas, pisca-piscas, bolas de Natal, Papai Noel, das vitrines enfeitadas, das ruas iluminadas, dos shoppings center e suas feéricas decorações. Gosto do espírito natalino que se espalha pelo ar – não se vê, não se toca, mas pode-se sentir – e acaba contagiando as pessoas. Gosto mais de presentear do que de ser presenteado, embora não seja propriamente um consumista. Ainda gosto de preparar presentes para dar, coisas feitas e embaladas por mim, com carinho e amor.



sábado, 8 de dezembro de 2012



Recado de Bianca Pokemini
 
 
Estou comprtilhando por ter me identificado com o recado deixado pela Bianca Pokemini... compartilhado no facebook de Luma Rosa e publicado em seu blog Yes Party.

Claro que vou colaborar e publicar também aqui, para que outras pessoas tomem conhecimento e decidam o que fazer. Basta clicar no link abaixo para ver do que se trata.



E você? O que vai fazer?


sexta-feira, 23 de novembro de 2012




Afinal, somos racistas?


Cabrochas - Iara Teixeira



No dia 20 de novembro se comemora, no Brasil, o Dia da Consciência Negra. Nessa data morreu Zumbi dos Palmares, em 1695, e foi escolhida para lembrar a resistência dos negros à escravidão de forma geral, e a luta contra o preconceito e a discriminação. Afinal, os quilombos representavam a resistência ao sistema escravista e, neles, se mantinha a cultura africana e, por essa cultura e pela liberdade do seu povo foi que Zumbi lutou até a morte.  

Os brasileiros, com seu jeitão descontraído e alegre, costumam dizer com orgulho, que não são preconceituosos. Se fizermos algumas perguntas mais capciosas, talvez esse preconceito que costuma ser negado venha à tona e denuncie que, sim, somos preconceituosos.

Por exemplo, se perguntarmos como as pessoas vêm os homens negros, certamente boa parte delas dirá que são sensuais, bem dotados, bons reprodutores. Ou então, falarão sobre a imagem do malandro, do ladrão, do traficante. Sobre as mulheres negras, logo surgirão imagens de belas mulheres, com corpos esculturais, sensuais, sedutoras, tão exploradas pela mídia e pelas propagandas. Podem também ser lembradas como empregadas domésticas ou como as funkeiras que dançam sensualmente, abaixando-se até o chão.

Isso se explica, em parte, devido ao período da escravidão, onde os homens eram direcionados para os trabalhos na lavoura e os mais novos, mais fortes e até mesmo melhores dotados eram usados como garanhões reprodutores. As mulheres faziam todo o trabalho doméstico, além de amamentarem e cuidarem dos filhos das sinhás e as mais bonitas, geralmente eram abusadas pelos seus “senhores”; ou então, os seduziam com seus encantos, como um artifício de sobrevivência. Daí, simplificadamente, surge o estereótipo do homem bem dotado e mais sensual, assim como o da mulher sedutora, fogosa, pronta para o sexo, até mesmo em troca de bens ou de dinheiro. Com a abolição da escravidão nada foi feito para inserir os ex-escravos na sociedade e o que lhes restou foram os trabalhos subalternos e domésticos, mal remunerados e sem direito ao estudo e ao conhecimento, como se fosse uma extensão do período de escravidão. Essa situação perdura até hoje, embora em meados do século passado começaram a surgir alguns movimentos em prol de mudanças nessas relações.


O senhor das terras adentrou na senzala,
e ordenou que a escrava recém-chegada
fosse, naquela noite, esquentar seu corpo,
ainda moço e pleno de volúpia retesada,
enquanto a sinhá pernoitava noutra plaga.

 

De lá para cá, devido à luta empreendida por esses movimentos, os negros começaram a encontrar algumas oportunidades de estudo ou de trabalho e, gradativamente, alguns poucos conseguiram destacar-se, ainda que timidamente, na sociedade. Só que, até os dias atuais, muitas pessoas ainda sofrem gestos ou atos de preconceito e discriminação embora, atualmente, existam leis de proteção aos oprimidos. Muitas vezes as pessoas agredidas ou humilhadas não fazem valer os seus direitos e os agressores ficam com a sensação da impunidade.

Se não houvesse mais preconceitos, não haveria necessidade de destacar um dia do calendário para comemorar essa data, já que nem se pensaria em qualquer tipo de desigualdade entre as pessoas de pele branca, preta ou de qualquer outra cor. Os negros ainda são vistos, por muitas pessoas, como pessoas inferiores, com menos caráter, prontas para se dar bem a qualquer custo, sem levar em conta que grande parte dos bandidos que cumprem penas atrás das grades, outros procurados pelos seus crimes e muitos impunes por aí, têm a pele branca, diploma pendurado na parede e são bem relacionados socialmente e até usufruem das benesses de mandatos políticos, conseguidos através do apoio e do voto popular.  

Diante de tudo isso, podemos constatar a importância das comemorações nessa data, para a reflexão e a conscientização da importância do povo africano e de sua cultura na formação cultural do povo brasileiro. Essa influência é clara nos quesitos religião e gastronomia, mas existem também os aspectos políticos e sociais que fazem parte desde sempre da vida brasileira. E o reconhecimento do líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, como um dos heróis brasileiros é mais do que justo, pois ele é, entre outros ainda não reconhecidos, um dos verdadeiros heróis que se impuseram, pela bravura, consciência e perseverança, na formação da história nacional.






sábado, 17 de novembro de 2012



Poder e impunidade



O que você achou das eleições deste ano?

Poder é poder, no mais verdadeiro sentido dessa palavra. Na política, poder é o que conferimos a alguém que irá nos representar, ou mesmo nos governar, através do voto. É adquirido por alguém que se candidata a isso e nos convence de que é a pessoa certa. Esse poder inclui a obrigação de fazer o que for melhor para a sociedade como um todo, de onde veio a garantia de liderança.
Nas últimas eleições, especialmente no segundo turno, muito se falou sobre a “falência” dos partidos políticos e o surgimento de novas lideranças, mas o que vi, de verdade, foi o claro recado de desencanto e desconfiança, com a enormidade de votos brancos e nulos, principalmente nas maiores cidades do país. 
Em meio à condenação popular e do STF à promiscuidade política, o que mais se discutiu foram os escândalos políticos e o crescimento, a olhos vistos, da violência por toda parte. Os partidos políticos foram se multiplicando tanto ao longo dos anos que agora fica claro que a grande maioria serve apenas como moeda de troca para cargos políticos em troca de alianças inacreditavelmente incoerentes.  
Os políticos que se apresentaram aos eleitores não tinham programas, projetos, propostas. Tinham críticas aos oponentes, roupa suja sendo lavada nas telas das TVs dentro das nossas salas de estar. E nós, pobres eleitores, cada vez mais mal informados, nos vimos sem escolha diante de candidatos fabricados, verdadeiros paus mandados, que proferiam discursos ocos, vazios, inconsistentes, utilizando velhos chavões, vangloriando-se de que eram os melhores em tudo e que eles sim, fariam a diferença no cenário político nacional.
Cargos públicos loteados, alianças compradas, concessões indesejadas e, do outro lado, a saúde, a educação, a segurança e todos os demais serviços que os governantes têm obrigação de oferecer aos cidadãos, relegados a segundo plano, sem perspectiva, sem horizonte, sem esperança.
Na verdade, nos últimos anos vem crescendo a teoria de que, para governar, o governante precisa abrir mão dos ideais, dos programas e das propostas, para arregimentar para o seu lado parte dos partidos e políticos para ter maioria, praticamente sem oposição. É a troca do poder pelo poder. Essa é uma tática de promiscuidade que só pode gerar o que temos visto crescer a cada dia em nosso país: a corrupção e a impunidade.
Eu falo, brigo, exijo meus direitos! Mesmo que não seja ouvido e, muito menos, atendido. Procuro saber quem são os candidatos, independente dos partidos aos quais pertençam, já que os partidos atuais, para mim, não existem mais. E voto naquele que melhor me pareceu, naquele que apresenta uma ficha limpa e, preferencialmente, uma lista de bons trabalhos em prol da comunidade. Mas esse nem sempre será eleito!
E agora, preparemo-nos para aturar os maus políticos que elegemos e que darão continuidade a tudo isso que está aí por, pelo menos, mais quatro anos.

E você? O que acha disso tudo?


segunda-feira, 12 de novembro de 2012


De 08 a 16 de novembro de 2012

Gostaria de poder participar mais ativamente desta bela iniciativa tão incentivada pela Luma, mas o tempo não está sendo amigo e os dias têm sido marcados por grandes batalhas e preocupações. Mesmo assim, no último final de semana, devido à ameaça de chuva e à falta de tempo para procurar um lugar mais criativo, peguei um livro, dos poucos que tenho comigo aqui em Sampa, e deixei numa prateleira do supermercado onde geralmente abasteço a despensa de casa. O bilhete, preso com um clips para que a pessoa que o encontrasse soubesse que o livro estava ali para ela (fiquei torcendo para que fosse algum daqueles rapazes que repõem os estoques...), estava bem evidente, entre a capa e a primeira folha. Espero que tenha dado certo! Ah! O livro é “1808”, de Laurentino Gomes.
Tenho muitos outros livros em casa, só que minha casa mesmo não é aqui, em Sampa, e sim em Paraty. Os que me conhecem melhor sabem que estou aqui devido a sérios problemas de saúde dos meus pais e, por isso, não posso distribuir mais livros, como gostaria. Lá costumo dar para os amigos – alguns começaram a gostar de ler depois que eu os presenteei com um livro – livros que li, gostei e penso que tem algo a ver com aquela pessoa. Alguns (poucos) chegam a me procurar para saber se tenho outro livro para dar, ou emprestar. Faço isso com o maior prazer e desprendimento. Afinal, ostentar uma estante cheia de livros caiu de moda faz um tempão, não é mesmo?
Agora, um fato curioso, ou fofoca, se preferir: a biblioteca municipal de Paraty é muito bem servida e sou um dos sócios contribuintes (segundo a garota que me atende, um dos pouquíssimos que contribuem, anualmente, com a ridícula quantia de R$ 20,00!). Devido à Flip (o maior evento literário, talvez do Brasil, que acontece por lá, geralmente no mês de julho, todos os anos), as editoras doam muitos lançamentos, fazendo com que a biblioteca esteja sempre atualizada e tenha um acervo que cresce bastante. O fato curioso – ou fofoca – a que me referi é que, possuidor de um bom acervo de boa literatura, quis doar os meus livros para a biblioteca e fui esnobado! A resposta que obtive da diretora foi que eu encaixotasse os livros, os entregasse lá e, se um dia eles tivessem tempo, examinariam para ver se serviam ou não! Inconformado, propus fazer uma planilha relacionando todos, com nome, autor, editora, etc., para que eles examinassem e ela disse apenas que não tinha tempo para ver essas coisas! Desisti da doação e fiquei com os livros em casa, prontos para serem oferecidos aos amigos que me visitam ou outros que sei que gostam de ler. E sempre peço que, após a leitura, os doem para outras pessoas. Não sei se fazem, mas eu peço. É dessa maneira que faço circularem os livros que adquiro.
Aqui em São Paulo, devido aos problemas com meus pais, acabo tendo pouquíssimo tempo para ler e, consequentemente, tenho pouquíssimos livros comigo. Escolhi “1800” por ser histórico, contar com humor a história da vinda da família real para o Brasil e, quem sabe, dessa forma, consiga atrair mais um leitor! Espero conseguir! Será uma vitória!
Sugiro a todos que pensem em uma forma de fazer com que mais pessoas se interessem pela leitura, pois é um caminho para difundir um pouco de conhecimento entre as pessoas, principalmente entre aquelas que não têm o hábito da leitura. Se você se interessar, clique aqui Blog Luz de Luma e leia o que ela fala a respeito do assunto. Com certeza ficará muito melhor informado do que com o que escrevi aqui. E não deixe de “esquecer” um ou mais livros por aí... é gratificante, é emocionante – você vai ver!


quarta-feira, 24 de outubro de 2012



AUTOSUFICIÊNCIA OU ESCRAVIDÃO?




A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo.
Fernando Pessoa


Tem dias em que nos sentimos como uma espécie de escravos da vida! No geral, procuramos fazer – sempre respeitando as limitações  – o que mais nos dá prazer ou aquilo que pensamos ser o certo, independente de imposições sociais, profissionais, morais, etc..  Mas acabamos nos deixando levar pelo que esperam de nós, seja através dos hábitos, seja através da razão, ou até mesmo da emoção. Afinal, passamos nossa infância e juventude sendo preparados para nos tornarmos pessoas de bem, bons pais – ou mães – de família!

Temos horário para acordar, depois o tempo certo para nos prepararmos para o dia que se inicia, saindo de casa naquela mesma hora, seguindo aquele mesmo caminho, vestindo o mesmo estilo de roupas, comendo o mesmo tipo de comida e falando, quase sempre, com as mesmas pessoas. Não cumprimentamos estranhos, nem mesmo no elevador do nosso prédio. Afinal, não sabemos quem são eles! Ainda mais nos tempos atuais, onde nem sempre a aparência nos mostra o interior das pessoas! Por trás de uma gravata de seda, ou de um vestido elegante, pode existir uma pessoa pronta para nos enganar, nos roubar ou até mesmo – tragédia alimentada por programas sensacionalistas da TV – nos matar!

Também procuramos evitar as paixões! Se tivermos alguém, evitamos conhecer e – Deus me livre! – nos aproximarmos de outra pessoa, mesmo que sintamos aquela comichão da curiosidade, do desejo, da luxúria! Afinal, pra que reavivarmos o brilho nos olhos, aumentarmos o sorriso nos lábios, deixarmos batucar o coração? Isso é coisa de novela! Podemos nos satisfazer com os romances que vemos na telinha, geralmente na novela das nove, e continuar nossas vidinhas tranquilas, sem tropeços, nem horizontes longínquos.

O trabalho não agrada? Não faz com que fiquemos alertas, ou realizados quando dá tudo certo? Não deixa aquela sensação de realização depois de mais uma vitória? Não faz mal! Afinal, é de lá que virá o contracheque, no final do mês, que suprirá as necessidades básicas dos familiares. Prá que arriscar, procurar novos caminhos, chutar o balde, virar a mesa? Afinal, já não somos mais adolescentes! Temos uma família para cuidar, alimentar, educar.

Novos projetos? Sonhos? Fantasias? Coisas de crianças! Ou de adolescentes! Nós, os adultos, devemos ter os pés bem plantados no chão, viver nossas vidas dentro das regras da sociedade, sem grandes ousadias, sem grandes aventuras. Precisamos dar o exemplo para os mais jovens, para que sejam como somos hoje: adultos íntegros, cumpridores dos seus deveres, ciosos de suas responsabilidades e, mesmo que nem sempre: infelizes!  

Eu sempre procurei viver o avesso de tudo isso que acabo de escrever. Acordei quando não tinha mais sono, troquei de emprego diversas vezes, até encontrar um em que me identifiquei com o que fazia, com os colegas e com os superiores. Não me casei, não constitui família. Talvez por não ser um exemplo de cidadão adaptado e adequado. Mas vivi muito feliz! Viajei bastante, troquei de amores, vivi paixões tórridas ou sofridas, mudei de cidade, de estado, de casa, tantas vezes que acho difícil listar os lugares por onde andei. Conheci gente nova. Muita! Fiz amizades nos prédios onde vivi, nos elevadores que tomei, nas ruas por onde andei, nos bares que frequentei. Sonhei muito, fantasiei bastante. E sobrevivi! Amigos e, principalmente familiares perguntavam se não sentia falta de uma família (mulher e filhos) e eu dizia “não!”. Sempre convivi muito bem comigo mesmo e, embora viva só, nunca me senti um solitário. Pelo contrário: sempre cultivei a liberdade que me permitia viver da maneira que escolhi.

Hoje, já na idade considerada terceira, vejo minha liberdade tolhida, mas considero boa a causa. Meus pais, muito idosos e doentes, precisam da minha dedicação, dos meus cuidados. E eu dou a eles o que sinto que mais precisam. Isso não é eterno, sei muito bem! Um dia recupero minha liberdade, se é que não me despeça da vida antes. Mas tenho um consolo: vivi bem e sempre fui muito feliz! E mesmo hoje, com as limitações impostas, mantenho o sorriso nos lábios, o brilho nos olhos e não deixo de sonhar, de fantasiar, de desejar. Escolhi, para mim, a autossuficiência e a correspondente liberdade de viver. É assim que sou!






quinta-feira, 11 de outubro de 2012



ALGUMA COISA A RESPEITO DA GENEROSIDADE


“A verdadeira generosidade para com o futuro consiste em dar tudo ao presente.”





Muito se fala na tal generosidade, no ato de “dar o que tem sem olhar a quem”. Será que é mesmo por aí? Os políticos brasileiros, extremamente generosos (entre si), criaram até o tal de “é dando que se recebe”. É uma variação, oportunista, da famosa oração de São Francisco de Assis, que visa apenas os bens espirituais, mas nas mãos dos nossos políticos, virou objeto de troca de favores eleitoreiros ou políticos, sempre em benefício apenas dos envolvidos. Se, por acaso, esses benefícios respingarem em alguém fora do círculo, é pura sorte!

Mas não é sobre isso que quero falar agora. É sobre a generosidade pura, sem expectativas pessoais, apenas a vontade de dividir o que temos com quem necessite e, muitas vezes nem espere pelo gesto, pelo sentimento. Sim, pois a generosidade não é simplesmente material. É essencialmente espiritual. Não é um ato político, mas de desapego, de desprendimento, visando apenas o bem do próximo, não importa quem.

Não adianta limparmos nossos armários e distribuirmos nossos objetos usados e roupas velhas, que já não nos servem mais. Claro que essa distribuição poderá fazer bem a alguém, mas não é, necessariamente, um gesto de generosidade. Afinal, precisamos abrir espaço em nossos armários para novos objetos e novas peças de roupas. Não deixa de ser um gesto de caridade, que ajudará alguém para quem sirvam aquelas roupas. Mas a generosidade consiste em não nos apegarmos, avaros, àquilo que obtivemos e compartilharmos com nosso próximo. Podem ser bens materiais, mas também podem ser bens espirituais, como carinho, companheirismo, amor. Pode ser o tempo que usamos tratando de um doente, ensinando algo a alguém, fazendo uma tarefa que contribuirá para o bem estar de outro, sem qualquer tipo de compensação material.

Quando acontecem catástrofes como enchentes, deslizamentos de terra, terremotos e outros acidentes da natureza, muita gente se mobiliza reunindo rapidamente roupas, calçados, colchões, alimentos e os enviam para os desabrigados. Nesses casos, não se sabe para quem irão aqueles objetos, mas apenas que serão extremamente úteis, contribuindo para retomarem suas vidas, recomeçarem praticamente do zero. Esta forma desinteressada de doação, além de nos enriquecer espiritualmente, faz com que nos sintamos mais humanos e em maior sintonia com nossos próximos, no caso, os que tudo perderam. 

São tantas as formas de exercitarmos a generosidade!



Veja, por exemplo, a campanha anunciada no blogue da Luma:


Trata-se, simplesmente, de escolher um livro (que possa ser útil a alguém!) e “esquecê-lo” em algum lugar para ser encontrado por alguém. Você pode deixar dentro do livro, um bilhete explicando que o mesmo não foi esquecido por acaso, e sim deixado ali para ser compartilhado. Peça, no bilhete, para que a pessoa, após terminar a leitura, faça o mesmo, difundindo o hábito da leitura na tentativa de atingir pessoas que, muitas vezes não têm condições financeiras de adquirir um livro. E dessa forma estaremos exercitando o desapego.

Nesta postagem, referente à 3ª edição, a Luma explica direitinho do que se trata e como poderemos ajudar a difundir esta prática. Já aqui ela fornece todas as opções para participar desta 5ª edição que acontecerá entre os dias 08 e 16 de novembro.

Mas é minha opinião que não precisamos nos limitar a essas datas para praticar esse ato generoso de libertar um livro, compartilhando nosso conhecimento, difundindo o hábito da leitura e, muitas vezes, colocando o livro nas mãos de alguém que não poderia adquiri-lo de outra maneira. Podemos fazer desse “esquecimento” um hábito. Deixando o livro já lido em um banco de praça, ou de ônibus. Dentro de um carrinho de supermercado, ou sobre o balcão de uma loja. Em qualquer lugar, por mais inusitado que possa parecer, desde que possa ser encontrado por alguém. E você nem precisa ser blogueiro para isso! Basta ser generoso. Afinal, é tão simples ser generoso que, muitas vezes nem somos percebidos ou valorizados como tal! Mas não é em troca de reconhecimento que compartilhamos o que temos. É em benefício de alguém. E não importa quem.





Um gesto de generosidade nos faz sentir mais humanos.







quarta-feira, 3 de outubro de 2012




7 de outubro de 2012


Numa época em que todo dia é “dia de alguém ou de alguma coisa”, fui procurar quem ou o que se homenageia nesse dia. Encontrei informações conflitantes sobre o Dia do Compositor (7 de outubro, 15 de janeiro ou 5 de março, esta, a data do nascimento do nosso grande compositor Heitor Villa Lobos. Para os católicos é o Dia de Nossa Senhora do Rosário. Como informação complementar e “importantíssima” é o 280º dia do ano no calendário gregoriano (281º em anos bissextos). Faltam 85 para acabar o ano.

E para os brasileiros, em geral? Bem, só sei que 7 de outubro de 2012 ficará marcado como o dia das eleições para prefeitos e vereadores.

Neste ano, infelizmente, estarei impedido de exercer aquele que é um dos nossos mais legítimos direitos: o de eleger nossos representantes municipais! Como vim para São Paulo no início deste ano, meio às pressas devido às doenças dos meus pais já bastante idosos e, nos primeiros meses, às voltas com internações hospitalares e suas consequências, acabei nem me lembrando do título de eleitor e da necessidade de transferi-lo para cá, onde estou residindo por tempo indeterminado. E devido aos mesmos problemas, estou impedido de viajar para a cidade onde posso exercer plenamente esse direito de cidadão. Assim só me resta justificar o voto e pedir a Deus que o povo paulistano tenha discernimento e responsabilidade para eleger o melhor prefeito e os melhores vereadores.

Não que o meu voto fizesse, sozinho, alguma diferença! Mas ele faria com que me sentisse melhor tendo contribuído para esse evento e, estatisticamente, participado da escolha dos próximos dirigentes desta cidade tão rica em contrastes e em diferenças sociais. Tão necessitada de dirigentes que realmente façam seu trabalho em função das reais necessidades dos cidadãos e não apenas em função de acordos e conchavos políticos e muito menos em benefício próprio.

O que se vê por toda parte nestes meses que antecedem as eleições é a politicalha se movendo, como ratos saindo de suas tocas, no sentido de que o povo continue sendo manipulado para que eles não percam o lugar conquistado no poder, mas o consolidem, garantindo, assim, os interesses dos grupos que representam e os seus próprios. Não é a toa que se vê bispos indicando candidatos, políticos mais antigos apoiando seus pares, detentores de recursos e de poder determinando a manutenção do que temos por aí. Não vemos candidatos com verdadeiros programas de governo, destinados ao benefício comum. Vemos apenas arremedos disso, com maquiagem tão carregada quanto as usadas pelas atuais periguetes, peruas ou seja lá o nome que elas tenham.

O principal candidato a prefeito desta cidade, liderando as pesquisas há meses, é conhecido apenas pelo programa demagogo que comandou na televisão durante anos, onde levava uma pessoa do povo a uma loja ou prestador de serviços, para reparar o que estava errado. E o povo, inerme e permanentemente desinformado, escolheu-o como preferido apenas por considerá-lo “defensor dos pobres”! Não estou defendendo nenhum candidato, mas acredito que os que estão em 2º e 3º lugares tenham mais experiência e já tenham realizado mais em suas carreiras políticas do que esse cidadão que tem, como lastro, apenas um programa de televisão.

O ex-presidente da República, que deveria estar descansando em sua aposentadoria, tem se descuidado até da saúde debilitada para fazer com que o “seu escolhido” seja eleito, inclusive (não sei se usarei a palavra correta, ou a mais justa) chantageando politicamente sua sucessora na Presidência da República na tentativa de conseguir seus objetivos. A senhora PresidentA, inclusive, trocou uma ministra para dar um ministério a outra senhora, importante (mas não a melhor) política paulista, que em troca voltou atrás em sua decisão pública de não apoiar o candidato do ex-presidente, apoiando-o como se fosse sua eleitora de primeira hora!

Os outros candidatos, inclusive aqueles que jamais tiveram qualquer condição de atingir o cargo de Prefeito desta cidade, trocam acusações e insultos, mostram as falhas e os pontos fracos dos demais, embora sempre deixem uma brecha para, num eventual segundo turno, negociarem seu apoio a quem pagar melhor.

Infelizmente essa é a nossa política! Essa é a forma de se fazer política neste País! E isso só vai mudar quando os eleitores se conscientizarem de seus legítimos direitos e responsabilidades e passarem a exigir o que se espera dos representantes eleitos. Quando os eleitores, ao invés de se manterem alienados e desinformados, passarem a vasculhar as vidas dos candidatos, não para incriminá-los ou culpá-los de algo, mas para conhecer suas origens, suas histórias e, escorados num perfil digno, escolherem o melhor deles. Só que, para conseguir atingir esse nível de escolha, nosso povo, tão sofrigo, precisa receber melhores condições de saúde e de educação; trabalho e salário dignos e melhores condições de moradia e de locomoção.  

Os maiores problemas desta cidade concentram-se, não necessariamente nessa ordem, em: transporte público, trânsito, segurança, corrupção, saúde e educação. Havendo vontade política e empenho dos nossos representantes, não seria tão difícil resolver, em um, dois, três mandatos, cada um desses problemas. Mas as malditas coligações, conchavos, acordos, rabos presos e interesses de grupos ou pessoais impedem que, uma vez no poder, eles se empenhem em buscar essas soluções. O tempo para realmente governar, legislar e fazer com que se cumpram as leis acaba sendo pouco para o atendimento de todos os compromissos politiqueiros feitos antes das eleições.

Resta-me, já que não poderei utilizar o meu voto, ficar torcendo para que o futuro prefeito e os futuros vereadores façam por esta cidade algo melhor do que os atuais e seus antecessores fizeram! Que venham os melhores!








sábado, 22 de setembro de 2012


Um blogue? De novo?


Eu não cheguei a desistir de blogar, mas parei. Parei por motivos vários, que foram enfraquecendo meu interesse, minando minhas resistências, ocupando meus espaços. Talvez ainda fale sobre esses motivos, mas não é este o momento certo para isso. Afinal, estou preparando este texto para voltar ao mundo dos blogues, reatar antigos contatos, voltar ao convívio de algumas pessoas que se fizeram queridas, que me conquistaram.

Gosto das palavras. De fazê-las renascer, juntar, misturar e, com elas, construir frases. Poderia voltar a elas de uma forma mais “moderna”, utilizando novas mídias, como o twitter, por exemplo. Mas comigo não funciona assim; sou prolixo, não reconheço a hora certa de parar, de colocar um ponto final. Essa é minha maneira de ser, de me expressar, de me comunicar. Preciso de espaço e de muitas palavras para escrever minhas besteiras, arriscar (raramente) alguma aventura poética, sentir-me político, acreditar que um ou outro texto ficou bom de verdade. E nada como um blogue para me sentir à vontade, para receber eventuais leitores como se estivesse na cozinha de casa, ao lado de um café fumegante, recentemente coado.

Lembro que, no final do século passado, eu ainda não tinha muita intimidade com as virtualidades da internet, mas vasculhava a telinha do computador, tentando entender, desvendar, aprender. Foi quando descobri, nem sei como, um site que oferecia a possibilidade de criar um diário. Ali fui me encontrando, realizando minha vontade de escrever para que outras pessoas lessem, recebendo de volta suas impressões, na maior parte elogios, mas também algumas críticas e correções. Ali conheci pessoas que se transformaram em amigos virtuais, alguns deles amigos até hoje. Daquela época posso mencionar o Miguel e a Euza, cujos diários me encantavam e de quem, pouco a pouco me aproximei.

Um dia, em um texto que preparei com muito carinho, acrescentei, timidamente, uma ou duas palavras que não faziam parte daquelas aceitas “socialmente” e os administradores do site me colocaram em quarentena, com a advertência de que o meu diário continha textos ou palavras obscenas. Discuti com eles, argumentei, defendi o meu texto com unhas e dentes, mas eles estavam irredutíveis e, como todo-poderosos “donos” do site, afirmaram que meu diário continuaria com a advertência, sendo acessado apenas por pessoas que assumissem plena responsabilidade por isso. Insatisfeito, só me restava desligar-me dali. Fiz isso com enorme dor no coração e não migrei para outro por falta de conhecimento. Não sei se existia! Algumas pessoas com quem me comunicava tomaram minhas dores, me defenderam perante os administradores e também acabaram se desligando de lá.

Alguns meses se passaram e aquele vazio que havia ficado em minha vida me acompanhava. Trocava e-mails com aquelas pessoas, algumas foram desaparecendo e apenas poucas continuavam presentes. E foi através de uma delas, que entrou para o mundo dos blogues e me convidou para conhecer o seu, que tomei contato com essa nova mídia, que me permitiria falar o que quisesse, enfim, comunicar-me da maneira que mais me agradasse. Ela era também uma loba; não a Euza, embora, através daquele blogue eu tenha chegado ao dela e, por extensão, ao do Miguel. E ali reatamos a nossa amizade, interrompida com a minha saída.

Na blogosfera me encontrei! E fui muito feliz! Fiz novos amigos, participei de outros blogues; de contos escritos a duas, três, quatro mãos; de blogagens coletivas; de festas de amigo secreto e até mesmo de encontros pessoais, onde algumas pessoas despiram-se do adjetivo virtual. Entre elas, posso mencionar o Miguel, a Sonia, a Beti Timm e a Dora, agora fora da blogosfera. Ainda não encontrei pessoalmente a Euza, mas sei que esse encontro é inevitável. Dia desses a gente se esbarra por aí.

Nos últimos quinze anos abri cinco blogues. Parei e voltei algumas vezes. Também era um dos autores do Palimpnóia, que acabou. Os meus dois primeiros desapareceram com as sombras do tempo. Mas os três últimos ainda estão abertos, com suas portas e janelas sempre abertas para quem quiser entrar. Durante este último período de recesso comecei a colaborar com o Memórias de Sampa, cujos autores se reúnem a cada dois, três meses num encontro gostoso, regado a chope e onde se conversa sobre tudo e também se joga conversa fora.

Assim, nunca estive, verdadeiramente, afastado da blogosfera, embora não mantivesse a constância na escrita e o contato com os eventuais leitores. Sentia saudade. Muita! Lentamente a ideia de retornar foi crescendo e se insinuando em meu coração que batia cada vez mais forte. Até que decidi voltar. Mas o que fazer? Voltar às Janelas do Zeca, sempre abertas? Acabei criando outro, este, cujo espaço pretendo ir preenchendo pouco a pouco, com minhas letras, minhas palavras, meus textos. Talvez republique um ou outro; talvez não. Ainda não sei. Não sei nem ao menos qual será a periodicidade das minhas postagens. Mas já estou com alguns textos sendo preparados e com muitas ideias circulando à minha volta.

Lá fora as novas flores saúdam a chegada da primavera. O café está pronto. Recém-coado e quentinho. O coração e os abraços à espera dos amigos e prontos para novas amizades. É só entrar, ler e, se julgar conveniente, comentar.

Sejam bem vindos!





A amizade é um amor que nunca morre.
Mario Quintana


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

TESTANDO


Olá! Este ainda não é um retorno à blogosfera: apenas uma tentativa. Estou testando o visual, as cores, a minha própria capacidade de voltar a escrever. Vontade não falta. Só que o longo tempo afastado me deixou um pouco enferrujado e, por isso estou testando.




Até qualquer hora!